A data surgiu para lembrar ao homem sobre a importância de cuidar da saúde.
Pode soar um tanto incomum, e provavelmente algumas pessoas ainda não ouviram falar, mas existe o “Dia do Homem” no Brasil e é comemorado no dia 15 de julho.
Diferentemente do Dia da Mulher (cuja data simboliza as conquistas e as lutas pelos direitos das mulheres), o Dia do Homem no Brasil é inspirado no Dia Internacional do Homem em novembro, celebrado por todo o mundo para lembrar o homem de cuidar da sua saúde.
Dois dias ‘oficiais’ no calendário e mais algumas datas especiais, além de um mês inteiro (novembro azul) só para lembrar o homem da importância de marcar uma consulta? “Também! Mas é imprescindível enfatizar que a saúde masculina envolve muitos outros fatores importantes como hábitos, comportamentos e preconceitos”, alerta o médico urologista de Porto Alegre, Dr. Lucas Burttet.
Números retratam as consequências da falta de cuidado do homem com sua própria saúde: segundo dados da tábua de mortalidade do IBGE, divulgados no início do ano, a expectativa de vida dos homens no Brasil é de 72,5 anos, 7 anos a menos que a das mulheres, que é de 79,6 anos. Outros números impactantes podem ser observados em relação ao câncer de próstata, por exemplo. Números do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que no Brasil a estimativa é de 68.220 casos novos de câncer de próstata para cada ano do biênio 2018-2019, o que equivale a um risco de 66,12 casos novos a cada 100 mil homens, sendo a maior incidência entre homens da região Sul, com o maior risco do país: 96,85 para cada 100 mil homens. Cerca de 25% dos pacientes com câncer de próstata morrem devido à doença o que reforça a necessidade da informação e da prevenção, sendo que cerca de 90% dos casos de câncer de próstata detectados precocemente têm reais chances de cura.
Na falta de iniciativa do homem, é comum vermos na rotina do consultório a atuação das mulheres que tomam a frente e marcam as consultas de seus pais, maridos ou filhos. O homem em geral se cuida menos, por diversos motivos. Muitos pelo costume por não terem a rotina de prevenção, diferentemente das mulheres que, muito jovens, já vão ao ginecologista. O cuidado com a saúde do homem precisa começar desde a infância, já no pediatra, quando vários problemas da parte da urologia podem acontecer, como a Criptorquidia e a Fimose. A Criptorquidia é quando um ou os dois testículos não descem para a bolsa escrotal, o que pode causar infertilidade e aumenta em 50% as chances de desenvolver tumor nos testículos. A Fimose é a impossibilidade de expor a glande (a cabeça do pênis), o que dificulta a limpeza e aumenta o risco de infecções e, quando adulto, os riscos de contaminação por algumas doenças e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), como HPV, HIV, sífilis e hepatites, além do aumento do risco de desenvolver câncer de pênis.
O homem adulto jovem se expõe mais aos riscos, em relação às doenças sexualmente transmissíveis, além de abusar com maior frequência de álcool, cigarro e outras drogas isso sem falar dos problemas psicológicos associados à depressão. O homem tem dificuldade de se abrir e manifestar seus problemas, gerando mais riscos até mesmo de suicídio. O relatório anual da Organização Mundial da Saúde (OMS), o World Health Statistics 2019, mostra que as taxas globais de mortalidade por suicídio foram 75% mais altas em homens do que em mulheres em 2016. Em relação às doenças tratadas pela urologia, além das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), como HIV, sífilis e hepatites, as queixas mais comuns entre os adultos jovens são: Disfunção Erétil; Varicocele; Infertilidade; Cálculos Renais e Hematospermia.
A Disfunção Erétil pode ter causa emocional, psicológica ou por alterações na circulação ou inervação da região genital, gerados principalmente por doenças crônicas como hipertensão arterial, diabetes e pelo tabagismo, os quais danificam estruturas do pênis ligados à ereção. A Varicocele é conhecida também como “varizes do testículo”, atinge 15% dos homens, ocorre quando o veias da bolsa escrotal fiquem inchadas, sem causa definida, na maioria das vezes, é responsável por perto de 40% dos casos de infertilidade masculina. A infertilidade, além da varicocele, pode ter outras causas que só podem ser detectadas depois de se fazer exames. Os Cálculos Urinários, popularmente conhecidos como Pedras nos Rins, atingem 12% da população em todo o mundo, e de cada quatro pessoas com a doença, três são homens. A Hematospermia ou hemospermia decorre de causas infecciosas ou vasculares e é geralmente uma condição benigna e autolimitada, quando ocorre em pacientes mais jovens. Nos pacientes com idade superior a 40 anos e aqueles com alto risco há necessidade de uma avaliação mais minuciosa.
Todo homem precisa conversar com o médico de família ou o urologista sobre prevenção. É preciso superar aquele pensamento de que ‘homem que é homem corre riscos e não adoece’. Ainda mais em se tratando do homem maduro e o homem idoso. Entre as doenças relacionadas ao envelhecimento estão: Incontinência Urinária Masculina de esforço, Incontinência Urinária de Urgência, Câncer de Bexiga, Câncer da Próstata e Hiperplasia Prostática Benigna (HPB).
Na Incontinência Urinária Masculina de esforço, é menos frequente em homens do que nas mulheres, e geralmente ocorre devido a um trauma do músculo quando se retira a próstata, e que pode se reverter ao longo do tempo por meio de fisioterapia. Na maioria das vezes melhora. A Incontinência Urinária de Urgência ocorre devido a um processo obstrutivo,normalmente porque a próstata aumentou muito, dificultando a passagem de urina e com isso a bexiga faz muita força. Um esforço excessivo que a bexiga faz ao longo dos anos e entra em contração mesmo que o paciente não queira, se tornando independente. É a contração involuntária, que pode causar perda de urina antes de chegar ao banheiro. O Câncer de Bexiga é outra doença que não é exclusiva dos homens, mas que afeta muito mais os homens do que as mulheres, é o terceiro câncer mais comum nos homens, depois do Câncer de Próstata e do Câncer de Pele. Os tumores de bexiga têm como causa na maioria das vezes o tabagismo, assim como o câncer de pulmão.
O homem assumiu seu papel na sociedade apoiado em uma crença de que não poderia expor suas fraquezas, tampouco fragilidade. “Infelizmente essa crença atravessou séculos e hoje, em 2019, homens ainda perdem a vida porque não adotam hábitos simples de prevenção e de cuidado. Até mesmo em casos em que há sintomas, muitos homens esperam e só procuram ajuda quando, muitas vezes, não há mais o que fazer. E ainda orgulham-se dizendo que em uma vida inteira nunca foram ao médico, como se isso fosse positivo”, pontua Dr. Lucas Burttet, médico urologista. É importante falarmos que o cuidado com a saúde não demonstra fragilidade, que o homem precisa se cuidar e que cuidar da saúde e não é responsabilidade apenas das mulheres.
Neste 15 de julho, Dia do Homem, que tal mudar um hábito não saudável, melhorar sua alimentação, iniciar uma nova rotina de exercícios ou marcando sua consulta com o seu médico?